quinta-feira, 12 de junho de 2014

E o meu coração ainda vai doer
porque sempre me arrependo de me arrepender

terça-feira, 13 de maio de 2014

Repetindo-me de novo. Sim, é redundância proposital. Porque se caio nessa, tenho culpa em não saber ainda onde está a porta de saída, de socorro. Desço algumas escadas. Às vezes tropeço e quase rolo mundo afora, mas piso com pressa até chegar ao fim da escada. Lá de baixo o mundo é bem ruim, um tom cinzenta mistura meu olhar à realidade confusa. Aí o que acontece é que eu subo até a metade da escada. Paro, penso e repenso. Então, repito os mesmos passos para baixo, até chegar ao fim.

Quando chego de novo ao fim das escadas, de onde saí há pouco, vejo o quanto esse lugar é vazio e como fica mais frio com o tempo. Cheguei a pensar que o ar de lá seria seco e dificultaria minha respiração. Mas fui percebendo que a umidade era intensa e mofava minha alma a cada dia. O chão era camada pura de lodo que destoava os passos de qualquer dança em tentativa de distração. Também era escorregadio e grudento. Me grudava ao cinza sem parar, sem pedir, sem que eu percebesse, sem pena de mim. Viramos nós: meus pés e o chão.

Seria justo que as chances se repetissem tanto quanto os erros? Será que se repetem? Nunca fiz o balanço, penso que tenho medo da verdade. É... Eu tenho! Mas, de qualquer forma, é sempre mais fácil ver os erros do que as chances. Motivos irritantes esses que nunca entendemos quais são, na hora em que se precisa entender, na hora que se precisa olhar e perceber que o erro está sendo cometido, que está culminando para a próxima tristeza. Desgosto de todo esse blábláblá meio mimimi, mas se eu não vomitar todas essas palavras fingidas de pensamentos, transbordarei em mim mesma. E isso é dor extrema.

Agora, aqui nesse espaço que não é lugar nenhum: nem dentro e nem fora de mim, nem perto e nem longe de você, nem no físico da tela que retém os códigos chamados de escrita, nem na abstração do entendimento. Apenas nesse espaço de tempo, volátil e efêmero, decido que estou subindo um degrau dessa escada. Subirei e, por enquanto, só espero limpar meus pés do lodo que me segura. Ao mesmo tempo puxarei o ar o quão forte puder, para que o mofo vá saindo aos poucos, afinal ainda é tempo.

domingo, 11 de maio de 2014

Vamos embarcar em um novo episódio de ilusões. Disso é feita a vida: contradições criadas pelo destino ou acertos. Ou encontros casuais ou por ilusões sob o sol do meio dia... Ou de sonhos. Ah, esses sonhos me pegam de surpresa. Nessa nova viagem o mar não fica manso e a ressaca altera o caminho dos pedestres que já não podem usar a calçada, pois as ondas quebram fortes. (d)Efeito. Quando a vida teima em ir pra outro lado, não adianta; ela vai. Não é caso de fraqueza nem teimosia, somente uma bagagem, ainda que pequena, trazendo maturidade e experiência. Coisas que só se percebe num depois e esse depois ainda não chegou. Vá lá, tô gostando da maré... Um barco que navega sem velas não é menos que um grande navio.

De 2012.

domingo, 31 de março de 2013


Clareou frente aos olhos, a vida
A alma está densa, completa
Tenho tempo pra olhar
e vejo:
é simples o viver!
Mas esperemos o dia passar...

Um dia acordamos, olhamos pela janela, sentamos na calçada e o que vemos é o sol. O sol na sua luz cortante. Cortante porque atravessa histórias, atravessa razões e encaminha-nos à luz final, que é um segredo.
Mas antes de despertar para a luz da vida, o sol dormia e era estrela pequena. Um céu cheio de pequenos sóis que querem ainda crescer, que perdidos num breu sem fim, procuram por alguém que lhes dê a mão e conduza até que possam sair e andar.
Tão frágeis, descolam-se aos poucos do cenário escuro e quando aprendem a caminhar sozinhas, às vezes riscam o céu em surpresa, cadentes para a maturidade. E vão aos poucos mudando as direções. A escuridão de uma noite imatura transforma-se: de lusco-fusco à alvorada somos aprendizes do que é ser vivo.
Não é por acaso que o tempo que temos pra olhar pela janela e sentar na calçada e observar a luz do sol, seja quando amanhecemos tão inteiramente com ele. Demoramos a amanhecer, porque é preciso compreender a essência da noite. Noite em que éramos crianças e só víamos medo.
Enquanto o dia foi chegando, fomos com ele esclarecendo (para nós mesmos) o que somos, afinal. Mas mesmo que não se saiba, agora, reis como o Sol, velhos e há um tempo experientes, vemos com calma o nosso mundo. O mundo que construímos em cada tiquetaquear que o relógio embalou, em cada cair de folhas que o dia exigiu, em cada ameaça de tempestade, no fim, amanhecemos para ser um começo: o começo do saber e da tranquilidade.
E se a vida não passar do ciclo de um dia?





Texto feito para um ensaio fotográfico da disciplina de Semiótica Textual e Visual, 2º período de Jornalismo (UFOP).

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Fichas.


Quando os pensamentos passam rápidos, e são muitos. Quando carregam os sentimentos na dúvida do amanhã, na trágica magia do ser infinito. O que você fará de si mesmo na próxima decisão? Será que escolherá por convenção das razões alheias ou será que conseguirá permitir-se escolher o próprio caminho na leveza de viver os próprios desejos?

Não entendo qual é o momento em que decidimos. Mas sei que o mais forte impera. O mais forte nem sempre é o melhor, diga-se de passagem. Aliás, na maioria das vezes, o que parece ter força sobre nossas escolhas são as forças do dever. Ainda assim, sei que existe dentro de nós uma força que cabe sobre esta última e que nos faz, se quisermos, sentir como pássaros de asas abertas nos céus infinitos ao redor. Imagino o quanto é difícil voar, mas já senti em sonhos a delícia de ser livre, de não ter medo de cair, de poder subir muito alto sem ninguém para empurrar, apenas pelo impulso dos ventos, dos meus ventos.

Cada vontade reprimida por si mesmo tem o peso de mil vontades realizadas, só que ao contrário. Não estou dizendo que é para fingir que o mundo não existe e sair fazendo o que deseja. Só quero compartilhar uma ideia: de que somos potencialmente capazes de sermos felizes e de tomarmos as decisões que correspondem aos nossos desejos reais, profundos e verdadeiros. Não cabe a mim julgar a quem não o faz, uma vez que me encontro nesse grupo, porém acredito que um grito traduzido em palavras como estas podem ajudar a abrir o peito e derramar toda a alegria que existe prestes a realizar-se. Abrir os olhos e enxergar o que se quer é muito pouco desta vez. Agora preciso de mais, preciso de uma fé no que é ser, de uma coragem que é esquecida. Preciso juntar tudo o que completa um “eu” e traduzir em verdade, em agora e em amanhã.

Quero ser eu completamente feliz, e querer é poder demais.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013


De todas as promessas         
ficaram as interrogações
jogadas na inconsciência da lembrança,
voltadas ao palco do real,
onde o palhaço desfaz os risos
e os transforma em agonia.
Aplausos acordam os sonhadores
e o palhaço é você, agora.
O protagonista é o tempo
que mente, engana e se transforma
tão rapidamente que os olhos veem,
mas as mãos não captam.

Mas não pense que ele é mau
visto assim do lado de cá
da solidão.
O tempo é só um apoio irracional dos desejos
e, ao mesmo tempo, a cura deles.
Somos vivos!

Estamos de fora da nossa vida
porque agora, cada um tem a sua
e em nós.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Real inventado


Debruço-me sobre a frieza dos olhares. Ninguém se importa, ninguém está ao lado para te amparar. Quando tudo parece perder o sentido você para, respira e pensa: Haverá algo melhor! E repete por horas, por dias e quando percebe já se foram anos, e nada mudou. Repenso minhas certezas e descubro que nada sei. Um eu enroscado em todos, ao mesmo tempo em que todos só são cascas. Onde está o sentimento profundo? Liberdade é poder derramar o pranto, mas o que faço? Escondo-me. Engulo as dores e o tempo passa. Não tenho motivos para estar triste, não tenho motivos para estar rindo. Não quero ter rancor nem solidão. Espero, então.                                                
Deixei algum “você” ir, para que eu possa tentar, ao menos, ser alguma coisa neste momento inoportuno. O destino é esquisito: traz pessoas e leva possibilidades, e vice-versa. Escondo os desastres sentimentais que invento em sonho, trago à realidade. A realidade me engana, sou muito tola para enganá-la. Engano-me apenas. Discordo das verdades. Sofro por mentiras. Quero um dia saber se palavras são suficientes para saciar a vida, a vida real e a inventada.                                                                                                        
         
Calada, transcrevo possibilidades similares ao passado em que nós éramos, cada um na sua, um feliz futuro. Quantos copos tomei por nós? No fim, minto que você existe para acalentar meu sorriso.