Repetindo-me de novo. Sim, é redundância proposital. Porque
se caio nessa, tenho culpa em não saber ainda onde está a porta de saída, de
socorro. Desço algumas escadas. Às vezes tropeço e quase rolo mundo afora, mas
piso com pressa até chegar ao fim da escada. Lá de baixo o mundo é bem ruim, um
tom cinzenta mistura meu olhar à realidade confusa. Aí o que acontece é que eu
subo até a metade da escada. Paro, penso e repenso. Então, repito os mesmos
passos para baixo, até chegar ao fim.
Quando chego de novo ao fim das escadas, de onde saí há
pouco, vejo o quanto esse lugar é vazio e como fica mais frio com o tempo.
Cheguei a pensar que o ar de lá seria seco e dificultaria minha respiração. Mas
fui percebendo que a umidade era intensa e mofava minha alma a cada dia. O chão
era camada pura de lodo que destoava os passos de qualquer dança em tentativa
de distração. Também era escorregadio e grudento. Me grudava ao cinza sem
parar, sem pedir, sem que eu percebesse, sem pena de mim. Viramos nós: meus pés
e o chão.
Seria justo que as chances se
repetissem tanto quanto os erros? Será que se repetem? Nunca fiz o balanço,
penso que tenho medo da verdade. É... Eu tenho! Mas, de qualquer forma, é
sempre mais fácil ver os erros do que as chances. Motivos irritantes esses que
nunca entendemos quais são, na hora em que se precisa entender, na hora que se precisa
olhar e perceber que o erro está sendo cometido, que está culminando para a
próxima tristeza. Desgosto de todo esse blábláblá meio mimimi, mas se eu não
vomitar todas essas palavras fingidas de pensamentos, transbordarei em mim mesma.
E isso é dor extrema.
Agora, aqui nesse espaço que não
é lugar nenhum: nem dentro e nem fora de mim, nem perto e nem longe de você, nem
no físico da tela que retém os códigos chamados de escrita, nem na abstração do
entendimento. Apenas nesse espaço de tempo, volátil e efêmero, decido que estou
subindo um degrau dessa escada. Subirei e, por enquanto, só espero limpar meus
pés do lodo que me segura. Ao mesmo tempo puxarei o ar o quão forte puder, para
que o mofo vá saindo aos poucos, afinal ainda é tempo.
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