Clareou frente aos olhos, a vida
A alma está densa, completa
Tenho tempo pra olhar
e vejo:
é simples o viver!
Mas esperemos o dia passar...
A alma está densa, completa
Tenho tempo pra olhar
e vejo:
é simples o viver!
Mas esperemos o dia passar...
Um dia acordamos, olhamos pela
janela, sentamos na calçada e o que vemos é o sol. O sol na sua luz cortante. Cortante
porque atravessa histórias, atravessa razões e encaminha-nos à luz final, que é
um segredo.
Mas antes de despertar para a luz da
vida, o sol dormia e era estrela pequena. Um céu cheio de pequenos sóis que
querem ainda crescer, que perdidos num breu sem fim, procuram por alguém que
lhes dê a mão e conduza até que possam sair e andar.
Tão frágeis, descolam-se aos poucos
do cenário escuro e quando aprendem a caminhar sozinhas, às vezes riscam o céu
em surpresa, cadentes para a maturidade. E vão aos poucos mudando as direções.
A escuridão de uma noite imatura transforma-se: de lusco-fusco à alvorada somos
aprendizes do que é ser vivo.
Não é por acaso que o tempo que temos
pra olhar pela janela e sentar na calçada e observar a luz do sol, seja quando
amanhecemos tão inteiramente com ele. Demoramos a amanhecer, porque é preciso
compreender a essência da noite. Noite em que éramos crianças e só víamos medo.
Enquanto o dia foi chegando, fomos
com ele esclarecendo (para nós mesmos) o que somos, afinal. Mas mesmo que não
se saiba, agora, reis como o Sol, velhos e há um tempo experientes, vemos com
calma o nosso mundo. O mundo que construímos em cada tiquetaquear que o relógio
embalou, em cada cair de folhas que o dia exigiu, em cada ameaça de tempestade,
no fim, amanhecemos para ser um começo: o começo do saber e da tranquilidade.
E se a vida não passar do ciclo de um
dia?
Texto feito para um ensaio fotográfico da disciplina de Semiótica Textual e Visual, 2º período de Jornalismo (UFOP).
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